Hoje é noite de São João, observo
as pessoas chegando ao grande evento da cidade. Muitos jovens alegres vibram
com copos na mão, ao embalo de músicas que pouco se compreende, a não ser pelo
trajeto do corpo que desliza até o chão num gingado sensual. Os enormes saltos
das sandálias das mulheres contrastam com o piso em que elas dançam,
embebedam-se e se divertem com entusiasmo de uma noite única. Hoje é noite de
São João, procuro festejos alusivos a esta noite e não encontro. Onde está a
fogueira? Só vejo o brilho dos faróis dos carros que se alternam em movimentos
de inquietação. E os fogos que homenageiam a grande noite? Já não se ouve o
estrondo provocado por eles. Apenas o barulho das músicas, com som cada vez
mais alto é o que se nota. As madrinhas e seus afilhados em volta da fogueira,
para onde foram? As comadres também estão em extinção, concluo. Hoje é noite de
São João, vejo apenas a iluminação elétrica refletida nos postes que ofusca o
brilho da noite. As pessoas, entretidas com celulares, teclando nas redes
sociais com alguém distante, esquecem que estão no meio de uma multidão e
permanecem sozinhas no mundo virtual. Ao redor das mesas, e não das fogueiras,
todos festejam a ilusão daquela noite e, com o nascer do sol, vão para casa
exaustos, com a certeza de terem festejado o São João. Tudo isso pensava
durante a noite de São João enquanto me lembrava das conversas da minha mãe,
olhava as velhas e amareladas fotografias nas quais minha família e vizinhos se
encontravam felizes em volta da fogueira. Nesse momento alguém bate à porta. É
minha querida madrinha de uma linda noite de São João, quando ainda existia o
brilho da fogueira. Hoje é noite de São João?
Aluna: Suellém Vitória Santos de Oliveira, finalista da Olimpíada de Língua Portuguesa em 2014
Professora: Francisca Rosineide
de Lima Pereira Escola: E. M. E. F. I e II Antônio Carlos de Paiva –
Olho-d’Água do Borges (RN) O
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